quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Texto fora de contexto vira pretexto

Eu sou Católico Apostólico Romano, busco sempre estudar os dogmas e a História da Igreja. Reconheço o passado lamentável e, sempre que ouço alguém falar mal da Igreja, costumo observar: "texto fora de contexto vira pretexto". É indiscutível que a Inquisição foi algo tétrico, uma verdadeira nódoa na história da Igreja e do Mundo. Mas, sempre que a recordarmos devemos avaliar o contexto histórico-social em que ocorreu: uma sociedade ainda bastante “primitiva”, por assim dizer; sob a forte influência do paganismo - facilmente observado nas superstições e crendices da época; um clero inebriado pelo poder secular que acabou corrompendo toda a Igreja. Muitos Papas durante a Idade Média eram indignos da posição, sujeitos às vontades dos poderosos - isso foi horrível para a instituição religiosa, que se tornou cada vez mais secular e política. Acho interessante mencionar, não com a intenção de dar algum crédito positivo à Inquisição, pois tal é quase impossível, que a Igreja somente adotou a Inquisição quando o catarismo ganhou força. Os cátaros chegaram a criar templos e escolas próprios durante a Idade Média. Acontece que, o catarismo com seu ideal de "pureza" influenciava o suicídio como forma de "libertar a alma pura do corpo impuro". Eles acreditavam - pelo que me lembro de ter visto no livro "Para Entender a Inquisição", do professor Felipe Aquino - que as almas eram Divinas, porém, aprisionadas em corpos que pertenciam ao ser maligno, por isso, o suicídio era uma forma de libertação. Foi a partir daí, somado a ascendência de outras linhas de pensamento divergentes, que a Igreja instituiu a Inquisição conforme sabemos. Os tribunais inquisitoriais, segundo o livro supracitado, eram considerados "mais justos" que os seculares, pois, garantiam alguma forma de investigação e “defesa” do acusado – ainda que muito precárias e por vezes arbitrárias -, embora adotassem, a partir de determinado momento, os métodos do tribunal civil - as torturas. Os tribunais inquisitoriais ainda permitiam que os acusados confessassem sua culpa e recebessem penas “leves”, ao contrário do tribunal civil que muitas vezes condenava com base apenas na acusação – sobretudo se partisse de um nobre.  A Igreja, por outro lado, determinou o fim dos ordálios e das justas. Portanto, concordo que a Igreja foi dualista em seu passado: ela proibiu certas práticas seculares, porém manteve o Tribunal do Santo Ofício – que ia de encontro a suas leis e princípios, tais como: “não matarás”; não se deve julgar”; “não se deve jurar”, etc.

Seja como for, não devemos julgar a Igreja de hoje com base no ontem. Ela mudou muito; hoje ela vive seus dogmas, sua leis, pratica o que prega, e é a maior defensora da vida! É considerada a maior instituição de caridade do Mundo! Mantendo na Ásia: 1.076 hospitais, 3.400 dispensários, 330 leprosários, 1.685 asilos, 9.900 orfanatos, 2.960 jardins-de-infância; Na África: 964 hospitais, 5.000 dispensários, 260 leprosários, 650 asilos, 800 orfanatos, 2.000 jardins-de-infância; Na Europa: 1.230 hospitais, 2.450 dispensários, 4 leprosários, 7.970 asilos, 2.370 jardins-de-infância; Na América: 1.900 hospitais, 5.400 dispensários, 50 leprosários, 3.700 asilos, 2.500 orfanatos, 4.200 jardins-de-infância; Na Oceania: 170 hospitais, 180 dispensários, 1 leprosário, 360 asilos, 60 orfanatos, 90 jardins-de-infância. No entanto, não divulga suas obras de caridade, seu trabalho, pois acredita que caridade sem humildade é vaidade. “Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita”. “Faça o bem sem olhar a quem”. Além de tudo isso existe as diversas pastorais que atuam em todas as áreas sociais, pelo mundo a fora.  É uma pena que a grande maioria das pessoas – e mesmo alguns “católicos” – julguem apenas o superficial: os prédios da Santa Sé, as catedrais góticas, os adornos – fruto de séculos de história e patrimônio cultural da humanidade; que mirem somente o passado, que estejam tão presos ao rancor, no texto fora de contexto que são incapazes de ver a Igreja de hoje, de contemplá-la em sua essência: humilde, caridosa, na luta pela paz entre os homens, pela preservação da vida - neste mundo e no outro.

Sobre as “riquezas” da Igreja veja este artigo: "A riqueza sagrada de ser humilde".

Seu papel (da Santa Igreja) na História da humanidade, na construção de nossas sociedades, de nossas culturas é indelével e fundamental. Será uma lástima se um dia ela não puder mais manter suas obras de caridade, não tiver mais condições de se manter por falta de fiéis, de ajuda do povo, afinal, ela vive de caridade e para a caridade, essa é a missão da Igreja de Cristo. Diferente de outras igrejas em que os “pastores” ganham de 4 a 22 mil, os padres ganham o necessário para manterem-se; muitos religiosos católicos, senão todo o clero faz voto de pobreza.

Quando dizemos que a Igreja é Santa, nos referimos à Instituição criada por Cristo, puramente, afinal, se vem de Cristo, de Deus, ela é santa; não nos referimos aos homens que a dirigem. A Igreja como algo Divino, vindo do próprio Deus é santa, é pura. O erro é uma condição humana, todos estão sujeitos a errar e, quem nunca errou que atire a primeira pedra. O relevante é o que se faz para redimir o erro, para consertá-lo. 




"Te Deum" (canto gregoriano)
"Hino e Marcha Pontificial"  (Hino da Cidade-Estado do Vaticano)

Farias, M. S. "Texto fora de contexto vira pretexto." Fevereiro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ele subiu a serra...

Ele pegou o guarda-chuva e subiu a serra
E eu fiquei a contemplá-lo.
Subiu a serra e não desceu
Então fui lá para encontrá-lo.
Em um bar o encontrei,
Não foi difícil procurá-lo;
Desde que o conheci, sei
Do seu vício não largado.
Cheguei de manso e o abracei,
(com o pensamento, não com os braços!);
Em seu ouvido sussurrei:
- Já não posso carregá-lo...
Eu sofri, mas foi-se o tempo,
Já não vou mais chorá-lo.
Hoje, ele pega o guarda chuva,
Sobe a serra,
Vai sozinho.
Sem meu abraço.

Farias, Maikele. "Ele subiu a serra...". Fevereiro de 2013http://livredialogo.blogspot.com.br
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cultura e Turismo: passaportes para a cidadania

"A cultura é aquilo que permanece no homem quando ele já esqueceu todo o resto.”
(Émile Henriot, escritor francês, 1889 — 1961).

***

- Por que, no Brasil, as verbas governamentais destinadas às pastas de cultura e turismo ainda são acanhadas em relação às outras áreas?

Certamente porque nosso jovem país ainda não amadureceu o bastante para entender que esses dois substantivos podem ser agregados a outras pastas como Saúde e Educação, por exemplo, e, com isso, obter-se um produto importantíssimo de geração de cidadania.

Um povo que tem acesso fácil à boa literatura, pode experimentar outros horizontes e, com isso, enxergar-se melhor no diversificado panorama mundial, medindo suas potencialidades e deficiências, e, com isso, evoluindo para um ser pensante, com autonomia para escrever suas ações sem a tutela de outro(s).

Eventos culturais e turísticos, além de gerar renda para os cofres públicos, podem, sim, impulsionar as pessoas a terem clareza de seus direitos e deveres na sociedade. Não falo de “pessoas cultas” no sentido de nível de instrução mas de mentes esclarecidas por informações que as levarão a práticas positivas: prevenção a doenças, preservação do meio ambiente, etc.

Registro, a propósito, meu elogio à Prefeitura de São Lourenço do Sul que, após sofrer um imenso alagamento em 2011, mostra-se revigorada, com ciclovias, o retorno de atividades já famosas como às típicas do verão e o Reponte da Canção, festival de música nativista, no mês de março.

A propósito de sua praia, o camping municipal mostra-se estruturado, com banheiros limpos, boa iluminação e com presença efetiva da administração que distribui aos turistas material informativo sobre prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, como consumir alimentação saudável, além de outros atrativos como o caminhão do SESI que oferece uma biblioteca à população.

Enfim, cultura e turismo não são políticas supérfluas, nem podem ser reduzidas na comparação com outras pastas, como tanto acontece no Brasil, sob pena de continuarmos alienados em nossas aldeias, sem interagir com outras culturas e a perder boas oportunidades de crescermos como cidadãos do mundo.


Farias, Juarez Machado de. "Cultura e Turismo: passaportes para a cidadania". Fevereiro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Vida...

"A vida é uma incógnita,
Não sabemos ouvi-la,
Não sabemos entendê-la,
Apenas fazemos parte dela
Às vezes manda-nos embora,
Sentimos saudades
Nos deixa sofrer e pensar
Jogam uma pedra em nossa vida,
Mas não estamos prontos, caímos,
Nos iludimos,
O tempo passa, ficamos cansados e na escuridão
Não sabemos o que fazer
Oramos e mesmo assim sentimos dor
Nos magoamos e ficamos esquecidos,
Temos paz e ao mesmo tempo destruição,
Caminhamos rumo à felicidade e caímos novamente."
"Nunca deixe os obstáculos serem maiores do que você, seja sempre grande e forte para superar tudo, levante-se todos os dias e interrogue sua mente se fez algo de bom, também se fez algo de ruim e se isso aconteceu, conserte imediatamente, principalmente não deixe um simples arranhão sangrar os seus pensamentos".


Morgana (M.A.R.) “A vida...”. Fevereiro de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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Luz...

Imensidão,
De repente [...],
Desvia-se,
Não temos onde segurar, só nos resta gritar,
Porém não há ninguém para escutar,
O sangue carece de ar,
A escuridão começa a brotar,
Percebemos no meio da imensidão ilegível,
Não somos mais do que simples mortais,
No momento ou é afundar ou nadar,

Demos passagem para mentiras e [...]
lutas vazias,
Do que adianta chorar,
Sem luz qualquer lugar pode se tornar melhor do aqui.
O medo começa a vigorar,
Distorce a fala,
De repente tudo se cala,
Ainda há força para lutar,
Erguemo-nos a luminosidade vence,
Não há passagem para a escuridão,
Agora é só lutar pelo perdão,
E tentar não errar, para que não haja a profunda desilusão.


Morgana (M.A.R.) “Luz...”. Fevereiro de 2012. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A renuncia do Papa

“Tu es Petrus et super hanc petram ædificabo ecclesiam meam et portæ inferi non prævalebunt adversus eam. Et tibi dabo claves regni cælorum.”
“Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: “No dizer do povo,  quem é o filho do homem?” Responderam: “Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas” Disse-lhes Jesus: “E vós quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo!” Jesus então lhe disse: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevaleceram contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt. 14, 13-19).
Raio atinge a Basílica de São Pedro horas após a renuncia .
Dia 11 de fevereiro, nós do Grupo Paroquial de Jovens aguardávamos na sede da Igreja Matriz de nossa cidade a chegada de nossos irmãos da cidade vizinha, os quais fazem parte da Pastoral da Juventude, e que passaram o dia conosco. Foi um dia de alegrias, de prática da fé. Mas, foi esta data também um tanto triste: O Vigário de Cristo abdicou.
A decisão de Bento XVI tomou-nos de assalto; sem dúvidas abalou todo o mundo, mesmo aqueles que não professam o catolicismo. Logo ele, um homem conservador, determinado, proceder algo que há 600 anos não ocorria: renunciar depois de eleito e de exercer o ministério pontifício.
Eu, como católico que sou, estou bastante consternado com a notícia, afinal, como disse certo bispo: “não se desce da cruz”. Não se sabe ainda como ficará a questão de se “transferir” tamanha autoridade e simbolismo para outro eleito. Será um tanto “estranho” possuirmos um “ex-papa” e um papa. Estamos habituados a ver o Vigário de Cristo exercer a liderança da Santa Igreja até a campa; de seguirem-se dias de luto e de vacância da cátedra de São Pedro, de conclave reunido à escolha de um novo Sumo Sacerdote, escolhido por Deus, através da inspiração do Espírito Santo nos membros do colégio cardinalício.
Bento XVI é um intelectual, um homem sábio, douto, porém muito humilde; cônscio de sua condição de servo de Deus, e também de sua responsabilidade enquanto pontífice. Embora não tenha recebido da população o mesmo apreço de seu antecessor, o amado Papa Beato João Paulo II, Ratzinger teve seu reconhecimento e apreciação por parte de intelectuais do mundo inteiro, indistintamente da profissão de fé ou crença e também por parte da Juventude.
O santo Padre, Bento XVI, renunciou à sua missão. Sabemos que o papado é uma responsabilidade muito grande, uma tarefa para poucos, para os escolhidos da Providência; buscamos compreender ao Vigário de Cristo, ainda que muito nos entristeça sua decisão, sabemos que o fez com alguma dor no coração; que fê-lo pelo bem único e maior que é a Igreja, para que ela siga sempre, de forma tenaz, no caminho da verdade, da vida, da luz, de Cristo: fundador da Una e Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Aguardamos ansiosos, como filhos de Deus e da Igreja, que a Providência Divina, através do Conclave, cheio do Espírito Santo, nos designe um novo papa.
 Somente quem é grande de espírito, de coração, de sabedoria, mas, ao mesmo tempo humilde, é capaz de tomar grandes decisões; de reconhecer suas fraquezas e limitações. Somente me resta dizer, Santo Padre, parabéns pela Vossa coragem. Não é sem tristeza que acolhemos Vossa decisão, não obstante, a Juventude Católica permanece ao Vosso lado, apoiando-o em cada decisão.
Uns pelos outros e Deus por todos!

São Celestino V foi papa, santo e também renunciou por motivos de saúde. Recentemente Bento XVI afirmou em entrevista que se um papa não é capaz de cumprir seus deveres como papa, deveria deixar o cargo. Provavelmente viu no exemplo de São Celestino a confirmação de que a renúncia de um cargo pontifício não significa aversão a vontade de Deus. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, já noticiou que após um breve período em Castel Gandolfo, Bento XVI irá se recolher num mosteiro de clausura. Mais uma semelhança com São Celestino V, que também renunciou ao papado para terminar seus dias em oração dentro de um mosteiro. Quiçá as semelhanças entre Celestino V e Bento XVI não parem por aí: que seja Bento XVI santo como Celestino!


Farias, M. S. “A renuncia do Papa”. Fevereiro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com/
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Eletrola

“A memória é o essencial, visto que a literatura está feita de sonhos e os sonhos fazem-se combinando recordações."
(Jorge Luis Borges, Escritor Argentino, 1899-1986)

***


Na sala, o som com ruídos de agulha no disco.

Sobre a mesa, aberto o livro: “Os Miseráveis” de Victor Hugo.

Do quarto escuro, o último suspiro do patriarca era o início de um tempo de partilhas materiais e imateriais. Campos, casas, gados, harmonias, memórias se dividiriam no inventário em que o advogado da família de boa fama marcaria e remarcaria reuniões para consensos.

- A quem tocou a eletrola?

A pergunta se perderia nos desvãos do casarão – futura ruína.

A resposta seria esquecida na boca do filho mais velho, no ouvido do filho do meio, nos dedos do filho mais moço com um extrato bancário entre os dedos.

Não se sabe como a eletrola está, agora, em uma praça de Montevidéu, exposta à venda em um sábado de sol, próximo à catedral católica, em meio a outras bugigangas.

- Quem comprará a eletrola?

A pergunta se perderá nos sóis e luares dos tempos de tecnologia e consumismo.

Mas uma música talvez ainda reste ao adquirente daquele monumento de nostalgias. E, num entardecer de domingo, a eletrola voltará a girar a agulha, num toque de assombração.

Farias, Juarez Machado de. "Eletrola". Fevereiro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Senhora Poesia para sempre...

No dia 28 de janeiro de 2013, viajou para outro plano uma importante personagem de minha passagem terrena: Lígia Antunes Leivas. Foi minha professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira em 1988, quando estudei no CAVG (Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça), em Pelotas. Sua alegria e vigor governavam, sem ferir, as aulas que proferia. Fiquei impressionado com seus vastos conhecimentos sobre os temas que abordava.

Professora Lígia, como a chamávamos e como sempre a chamei, compartilhava seus livros com os alunos que demonstravam interesse pela boa leitura. Assim, a cada vez que eu voltava de Pelotas para a casa de meus pais, levava comigo muitos livros dela o que ampliava meus horizontes.

Quando fui empossado na cadeira nº 01 da Academia Piratiniense de História, que tem como patrono Barbosa Lessa, para minha surpresa lá estava entre as pessoas presentes a querida Professora Lígia que proferiu um lindo e emocionante discurso em minha homenagem.

Sempre incentivou meu fazer-literário. Sugeria-me, elogiava. Acho até que deveria ser mais rigorosa comigo. Meu primeiro livro de poemas – “Verso de Azul” -, editado em 1995, pela Editora da Universidade Federal de Pelotas, teve muito de sua contribuição, por isso, a justa dedicatória que lhe fiz nele.

Em 16 de dezembro de 2008, fui escolhido pela Academia Sul-Brasileira de Letras, como personalidade cultural daquele ano. Mais um ato de generosidade da querida Mestra: Professora Lígia era a Presidenta da entidade que realizou uma bela noite de entrega de prêmios, momento esse que ficou registrado o seu rosto sempre radiante.

Quando publiquei no meu blog uma matéria sobre a homenagem, ela publicou a seguinte postagem:

“Juarez, ilustre ativista cultural, especial amigo: Em meu próprio nome e no de nossa querida ASBL, agradecemos a gentileza que tiveste em postar em teu blog tão distinta notícia. Mérito é de quem o tem. Por isso, foste o escolhido neste ano de 2008. Personalidade Cultural é tua característica, por onde quer que vás, mas pensamos que este título ficaria perfeito junto ao teu nome quando estávamos escolhendo nosso homenageado! Parabéns para ti e obrigada pela notícia. Muita luz em 2009!”

Professora Lígia: Senhora Poesia, como a chamei em um texto para publicação em um de seus livros de poemas! Sua presença e somente a lembrança de sua existência já eram estrelas de enorme brilho em minha vida. Agora (tenho certeza) esse brilho ganhou maior espectro: além da Terra, alcança outras dimensões.

Está, quiçá, no Céu, agora, a ensinar a outras estrelas lições de brilho com humildade.

Farias, Juarez Machado de. "Senhora Poesia para sempre...". Fevereiro de 2013. http://livredialogo.blogspot.com.br/
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